Viver em Paz
A maior parte das pessoas procura a paz fora
de si, esquecendo-se que ela sempre está presente, no espaço emocional
(coração), na mente (espírito) e no corpo/corporeidade. Para enxergá-la ou
descobri-la, demanda uma tomada de consciência de onde e como encontrá-la.
Corporeidade para
Leonardo Boff e estado físico-geral para Pierre Weil, é tudo o que diz respeito
ao conjunto de relações que o ser humano entretém com o universo, com a
natureza, com a sociedade, com os outros e com sua própria realidade concreta
em termos de cuidado com o ar que respira, com os alimentos que
consome/comunga, com a água que bebe, com as roupas que veste e com as energias
que vitalizam sua corporeidade. Normalmente se entende essa dimensão como
corpo. É o próprio ser humano todo inteiro mergulhado no tempo e na matéria,
corpo vivo, dotado de inteligência, de sentimento, de compaixão, de amor e de
êxtase. Esse corpo total vive numa trama de relações para fora e para além de
si mesmo.
Assim, em todo
movimento que fazemos – desde uma ação física até um pensamento – trocamos, com
o meio, parte da nossa energia.
O ser humano
autossustentável é aquele capaz de renovar sua energia positivamente e
autonomamente, de maneira consciente ou não, de forma que sua resultante
energética seja sempre saudável e capaz de mantê-lo em harmonia e contínua
evolução. Este é um conceito que também poderíamos atribuir à “ecologia
interior humana”.
Uma das chaves para a
autossustentabilidade é encontrada quando verdadeiramente nos descobrimos como
seres espirituais, integrantes de uma grandiosa rede de consciências em
evolução e amorosamente imbuídos da construção e manutenção cósmica.
A paz do corpo é
vivenciada ou experienciada, através do relaxamento, para aliviar as tensões
criadas no corpo diariamente; fruto de emoções destrutivas de uma vida agitada.
Relaxamento se
aprende. Para entender do que se trata, realize esta experiência agora, durante
esta leitura. Feche os olhos, fique bem à vontade, dê umas três inspirações
profundas, soltar os músculos, imagine que você está num lugar ideal de
descanso como uma praia ou uma rede na montanha.
Durante dez minutos,
aproximadamente, fique neste estado relaxado. Perceba o seu estado
físico-geral; bem estar, descontraído, em paz, bem à vontade, solto, repousado,
são as sensações, entre outras, quando se sai de um relaxamento.
A vida cotidiana muda
praticando relaxamento todos os dias, de manhã e de noite. Esta melhora será
muito maior ainda se tratarmos a origem destas tensões musculares.
As emoções
destrutivas, como o ciúme, o apego exagerado a coisas, pessoas ou mesmo ideias,
a rejeição e a raiva, o orgulho e a indiferença são as grandes causadoras do
estresse, geradores de conflitos sofrimentos com os outros e para consigo
mesmo.
Grande parte da
humanidade costuma se deixar levar por elas, as emoções destrutivas, perdendo o
autocontrole - a paz do coração. Por exemplo, a raiva: as pessoas gritam,
ofendem, magoam, muitas vezes a quem amam, e depois se sentem culpadas e
sofrem. Isto não é uma boa solução. Já outras acham que, a raiva é uma emoção
feia e repreensível, rechaçam e recalcam o seu sentimento de rejeição.
Continuam cheias de mágoas e de ressentimentos não expressos. Repetindo esta
maneira de ser durante meses ou mesmo anos, acabando estressadas, somatisando a
sua raiva contida transformando-a numa úlcera duodenal ou enfarto do miocárdio.
De acordo com Pierre
Weil, há uma terceira alternativa, um caminho do meio. Em vez de soltar a raiva
ou de dominá-la, existe uma solução bastante esperta: simplesmente tomar
consciência dela e deixá-la passar, como uma nuvem de tempestade que passa e
deixa o sol brilhar de novo e o céu ficar azul.
Chico Xavier dizia:
“antes magoar ou ferir alguém com palavras, encha a boca com água e engula-a
somente depois que a raiva passar”.
Para conseguir um bom
resultado é preciso de certo tempo, algumas semanas ou meses. A verdadeira
liberdade se alcança, livrando-se destas emoções pesadas.
Não se livrando de
todo da raiva, pode-se fazer com que ela se transforme em sentimentos de
amizade ou mesmo de amor. E, aos poucos, transformar-se-á numa segunda
natureza, irradiando paz e serenidade em torno de si, sobretudo se
paralelamente praticar diariamente o relaxamento do corpo.
Para obter-se ainda
mais alegria e harmonia - a paz no nível das emoções, cultivar altos
sentimentos humanos, tais como: a alegria de compartilhar felicidade com as
pessoas; o amor no sentido de querer a felicidade das pessoas ao seu redor; a
compaixão significando o sentimento e o ato de ajudar o outro a aliviar o seu
sofrimento; e o tratamento igual para com todos os seres deste universo, sem
nenhuma preferência por um ou outro.
Allan Kardec, no
livro Evangelho segundo o Espiritismo, diz: "Amar o próximo como a si
mesmo: fazer pelos outros, o que quereríamos que os outros fizessem por
nós", é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os
deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a
tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo
que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes,
melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para
conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à
destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de
suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão
que entre eles reinem a paz e a justiça.
O amor resume a
doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e
os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. O homem
na sua origem, só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem
sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do
sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol
interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas
as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão
dos seres; extingue as misérias sociais. Venturoso aquele que, ultrapassando a
sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento!
O homem primitivo
possuía só instintos (ponto de partida). O homem moderno, ainda se acha lá no
ponto de partida, do que da meta (sentimento), aquele em quem predominam os
instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os
instintos, em proveito dos seus sentimentos, isto é, aperfeiçoá-los, sufocando
os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do
sentimento; trazem consigo o progresso, como o fruto encerra em si o carvalho,
e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas
crisálidas se conservam escravizados aos instintos.
Crisálida é uma das
etapas da transformação da lagarta em borboleta, por exemplo. Após o acasalamento,
a borboleta deposita os ovos fecundados, geralmente, em folhas ou galhos de
vegetais. Dentro de cada ovo fecundado desenvolve-se uma lagarta. Ao sair do
ovo a lagarta se alimenta das folhas do vegetal. A lagarta passa por
transformações em seu corpo, produzindo a crisálida, que é um tipo de casulo.
No interior da crisálida, no período de alguns dias, a lagarta transforma-se em
borboleta. Quando a metamorfose (transformação importante no desenvolvimento do
corpo dos insetos, a borboleta, por exemplo, em: ovo, lagarta,
crisálida/casulo, e adulto) se completa, a crisálida se rompe e libera a
borboleta.
É uma fase de intensa
atividade e qualquer mudança brusca no ambiente pode ser fatal. O Espírito
precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor
atual (trabalho árduo e prolongado), Essa conquista é muito mais do que bens
terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que
liga todos os seres, buscaremos nela (a lei do amor) os gozos suavíssimos da alma,
prelúdios das alegrias celestes.
O amor é de essência
divina e todos nós, do primeiro ao último, temos, no fundo do coração, a
centelha desse fogo sagrado.
De nada adianta a paz
do corpo e a do coração, se a mente continuar agitada, sem paz espiritual, gerando
uma hiperatividade no mundo externo e uma invasão, de pensamentos como: ideias,
imagens, formas, símbolos, perpassando lembranças incessantemente. Ao cabo de
um dia tem-se uma só vontade, a de ir para cama e dormir! Esta é a atividade
típica da uma mente com infinitas produções e funções bastante úteis de um
cotidiano.
A mente nos permite
raciocinar, lembrar, apreciar, comparar, julgar, decidir, avaliar, nos
defender. Em certas ocasiões uma atividade normal do espírito, pode gerar
emoções destrutivas.
Basta, por exemplo,
se lembrarmos de um inimigo, a reação da raiva surge de imediato, perdendo a
paz de espírito!
A mente, gerada pelo espírito, acaba obstruindo a nossa via de acesso à paz natural, caraterística do próprio espírito. E assim, perdemos a paz do espírito - o controle de nós mesmos.
A mente, gerada pelo espírito, acaba obstruindo a nossa via de acesso à paz natural, caraterística do próprio espírito. E assim, perdemos a paz do espírito - o controle de nós mesmos.
No livro Vida:
Desafios e Soluções, psicografado por Divaldo P. Franco, pelo espírito de
Joanna de Ângelis fala-nos da vontade que deve ser orientada no auxílio da
disciplina mental, trabalhada com exercícios de meditação, através de
pensamentos elevados para gerar condicionamento novo, estabelecendo hábito
diferente do comum.
São indispensáveis
vários recursos que auxiliam a montagem dos equipamentos da vontade: paciência,
perseverança e autoconfiança.
A paciência ensina
que todo o trabalho começa, mas não se pode aguardar um término imediato,
porque conquistada uma etapa, outra surge desafiadora, já que o ser não cessa
de crescer. Somente de um programa cuidadoso e contínuo consegue-se alcançar o
objetivo que se busca.
A paciência é um
recurso que se treina com a insistência para dar continuidade a qualquer
empreendimento esperando-se que outros fatores, que independem da pessoa,
contribuam para os resultados que se espera alcançar.
Lentamente são
criados no inconsciente, condicionamentos em favor da faculdade de esperar,
aquietando as ansiedades perturbadoras e criando um clima de equilíbrio
emocional no ser.
A paciência, como
qualquer outra conquista, exige treinamento, constância e fé na capacidade de
realizar o trabalho, como requisitos indispensáveis para ser alcançada. No
começo, evita ultrapassar os limites nas exigências do crescimento íntimo,
elaborando um programa que deve ser aplicado sem saltos, passo a passo, o que
contribui para os resultados excelentes, que abrirão oportunidades a outras
possibilidades de desenvolvimento pessoal.
A perseverança é um
fator imprescindível à disciplina da vontade. Ela se apresenta com tenacidade e
insistência no trabalho que se está ou que se pretende executar, de forma que
não se interrompa o curso programado. Mesmo quando os desafios se manifestam, a
firmeza de decisão pela consciência do que se vai efetuar, faculta maior
interesse no processo desenvolvido, propondo levar o projeto até o fim, sem que
o desânimo encontre amparo.
Somente através da
perseverança é que se consegue amoldar as ambições aos atos, tornando-os
realizáveis, materializando-os particularmente no que diz respeito àqueles de
elevada qualidade moral, que resultam em bênçãos de qualquer natureza em favor
do Espírito. (...)
Como qualquer outro
condicionamento, a perseverança decorre da insistência que se impõe o
indivíduo, para alcançar os objetivos que o promovem e o dignificam. Sem ela
ninguém existe ou é incapaz de consegui-la, porque resulta apenas do desejo que
se transforma em tentativa e que se realiza em atitude contínua de ação.
Da conquista da
paciência, face à perseverança que a completa, passa-se a autoconfiança, a
certeza das possibilidades existentes que podem ser aplicadas em favor dos
anseios íntimos. Desaparecem os medos e os mecanismos autopunitivos,
auto-afligentes, que são fatores dissolventes do progresso, da evolução dos
ser.
Mediante essa conquista a vontade passa a ser comandada pela mente saudável, que distingue entre o que deve e pode fazer, quais são os objetivos da sua existência na Terra e como amadurecer emocional e psicologicamente, para enfrentar as eventualidades, as dificuldades, os problemas que fazem parte de todo o desenrolar do crescimento interior. Nasce assim, o adulto de vontade firme e confiante, que programa os seus atos trabalhando com afinco para conseguir resultados satisfatórios.
Nessa empreitada ele
não deseja triunfar sobre os outros, conquistar o mundo, tornar-se famoso,
conduzir as massas, ser endeusado, porque a sua é a luta para conquistar-se,
realizar-se interiormente, de cujo esforço virão as outras posses, que são de
secundária importância, mas que fazem parte também dos mecanismos existenciais,
que constituem o desenvolvimento, o progresso da sociedade, o surgimento das
suas lideranças, dos seus astros e construtores do futuro.
Todo esse empreendimento resulta da vontade disciplinada, que se torna o mais notável instrumento de trabalho para a vitória da existência física do ser pensante na Terra.
Todo esse empreendimento resulta da vontade disciplinada, que se torna o mais notável instrumento de trabalho para a vitória da existência física do ser pensante na Terra.
A ciência nos ensina
que tanto o ser humano como todos os objetos e mundo ao seu redor são
constituídos de energia, e da mesma energia. Assim sendo nada é separado neste
nível de compreensão da verdadeira natureza das coisas.
É impossível separar a unidade do todo. É impossível separar a ecologia Íntima da ecologia planetária. Cada um de nós é um sistema ecológico completo; multidimensional. Em cada um de nós convivem células, órgãos, pensamentos, emoções e sentimentos de toda ordem que interagem com os da coletividade próxima e a coletividade distante. Estamos todos, a caminho da autossustentabilidade do ser.
É impossível separar a unidade do todo. É impossível separar a ecologia Íntima da ecologia planetária. Cada um de nós é um sistema ecológico completo; multidimensional. Em cada um de nós convivem células, órgãos, pensamentos, emoções e sentimentos de toda ordem que interagem com os da coletividade próxima e a coletividade distante. Estamos todos, a caminho da autossustentabilidade do ser.
Na velha Grécia,
Sócrates apresentou de forma simples o que é Ecologia. A origem do termo
ecologia vem do grego “oikos” casa e “logos” estudo. Analisar e estudar nossa
casa mental, sob múltiplos e variados aspectos é um passo importante na busca
do desenvolvimento sustentável ético e responsável.
nova era.org