SPM apoia debate de
juizados de violência doméstica e familiar para mudança do Código Penal
pró-direitos das mulheres
Justiça aprofunda reflexões sobre
aplicação rigorosa da Lei Maria da Penha e incorporação do feminicídio ao
Código Penal, para punição de assassinos de mulheres frente aos crimes com
requintes de crueldade

A tipificação do feminicídio como qualificador de homicídios de mulheres no Código Penal brasileiro estará em discussão, de 27 a 29 de novembro, no V Fórum Nacional de Juízes da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid), em Vitória (ES). Baseia-se no projeto de lei 292/2013, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher no Brasil, que percorreu 18 estados, em 2012, e constatou a omissão do poder público no atendimento às vítimas da violência machista.
A proposta
está sob exame da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, a
qual realizou audiência pública, na semana passada, contando com a aprovação do
texto por especialistas de gênero, tais como Sílvia Pimentel, do Comitê de
Acompanhamento da Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), e Leila Linhares, perita independente
associada à Comissão Interamericana de Mulheres.
Comprometidos
com a aplicação rigorosa da Lei Maria da Penha e a punição de agressores,
juízas e juízes dedicam nova edição do Fonavid à busca de estratégias na esfera
da justiça, para assegurar os direitos das mulheres. A palestra de abertura
terá representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência
da República (SPM-PR). A secretária de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres da SPM,Aparecida Gonçalves, fará palestra às 19h, quarta-feira
(27/11), no pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo.
A gestora
falará sobre as ações do governo federal voltadas ao fim da impunidade de
agressores, estupradores e assassinos de mulheres, tais como a celeridade de
julgamentos como mobilização da justiça em torno da campanha ‘Compromisso
e Atitude pela Lei Maria da Penha – A lei é mais forte’.
“A presidenta
Dilma definiu que o governo federal deve trabalhar com o princípio de
tolerância zero à violência machista, o que possibilitou mais investimentos,
como no programa ‘Mulher, Viver sem Violência’, e atuação forte para a
aplicação da Lei Maria da Penha”, lembra Aparecida Gonçalves. O Fonavid é uma
instância que demonstra o quanto a justiça está comprometida com os direitos
das mulheres, acrescenta. “A cada ano se fortalece e está atento aos desafios
da cultura patriarcal e sexista que interferem no acesso das mulheres à
justiça”, considera a secretária.
Em sua
palestra, a gestora da SPM atualizará os estágios dos seis eixos estratégicos
do programa ‘Mulher, Viver sem Violência’: Casa da Mulher Brasileira, a ser
construídauma em cada capital, para integrar serviços de segurança pública,
justiça, saúde e psicossocial; distribuição das 54 Unidades Móveis para
Atendimento a Mulheres em Situação de Violência no Campo e na Floresta, duas
para cada estado e Distrito Federal; transformação do Ligue 180 em
disque-denúncia para encaminhamento imediato das vítimas aos serviços públicos;
organização dos atendimentos de saúde e perícia às vítimas de crimes sexuais;
fortalecimento e ampliação de centros de fronteiras secas para enfrentamento ao
tráfico de mulheres para fins de exploração sexual; e campanhas de
conscientização.
Aparecida
Gonçalves destaca a importância da justiça buscar soluções mais efetivas frente
aos crimes com requintes de crueldade, que têm vitimado mulheres pela condição
de gênero. “As mulheres estão sendo mortas com mutilações e desconstituição da
sua identidade, numa sucessão de atos bárbaros que revelam o ódio e
perversidade dos agressores contra suas vítimas. É importante que se diga que esses
crimes estão sendo cometidos, quando as mulheres se recusam a ceder à vontade
dos homens”, frisou a secretária da SPM. “Quando não são vítimas fatais, elas
são marcadas profundamente em suas emoções e integridade física, como Mara
Rúbia que teve seus olhos perfurados e ficou cega. Ou ainda, a jovem mulher que
levou surra de facão do ex-companheiro, no Distrito Federal, e teve mãos e pé
decepados”, completa.
Reforço local - Para a juíza Hermínia Maria Azoury, vice-presidente do Fonavid, a realização do encontro no Espírito Santo reforça as soluções encontradas pela justiça, a exemplo do botão do pânico e do juizado itinerante da Lei Maria da Penha. E vai ao encontro dos esforços do Poder Judiciário para apoiar o governo capixaba a reduzir os altos índices de violência doméstica, um dos maiores do Brasil.
Reforço local - Para a juíza Hermínia Maria Azoury, vice-presidente do Fonavid, a realização do encontro no Espírito Santo reforça as soluções encontradas pela justiça, a exemplo do botão do pânico e do juizado itinerante da Lei Maria da Penha. E vai ao encontro dos esforços do Poder Judiciário para apoiar o governo capixaba a reduzir os altos índices de violência doméstica, um dos maiores do Brasil.
O Espírito
Santo é o primeiro estado no país em assassinatos de mulheres, conforme o Mapa
da Violência Homicídios de Mulheres 2012, produzido pelo Centro Brasileiro
deEstudos Latino-Americanos (Cebela) em parceria com a SPM. A taxa do ES é de
9,6homicídios em cada 100 mil mulheres, mais do que o dobro da taxa nacional,
de 4,6 em cada 100 mil mulheres.

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