Por Claudiana Cabral
Oito de março, Dia Internacional da Mulher, marca o reconhecimento de um longo processo de lutas e conquistas das mulheres por seus direitos em todo o mundo.
O discurso de luta parece distante para as gerações atuais, mas há até pouco tempo meninas não podiam frequentar escolas, garotas eram impedidas de praticar esportes e mulheres não tinham o direito de votar e se candidatar a cargos políticos. O direito ao voto feminino, por exemplo, só foi instituído no Brasil em 24 de fevereiro de 1932.
Clarice Berto, 65 anos, é o retrato de uma época de transformações: “Quando eu era jovem, mulher não podia sair de casa sozinha. Eu só podia sair de casa com meus pais ou com meu noivo”. Clarice cumpriu o protocolo de boa moça da época. Foi noiva, aprendeu a fazer tricô, crochê, bordado e, claro, tinha um enxoval à espera do casamento.
Ela ingressou no curso de psicologia da USP, em 1966, em uma época de turbulência política e efervescência do movimento estudantil. Ela fazia sua própria revolução. Clarice era uma jovem que tinha vergonha de ser mulher: “Eu fui fazer psicologia pra me conhecer. Era tímida, fazia de tudo para não chamar atenção, tinha vergonha do meu corpo e só usava roupas neutras”. Conta que a faculdade a libertou: “O dia em que pude colocar tudo para fora me senti tão livre, foi quando passei a viver realmente. Passei a ter vontade do prazer sexual – porque naquela época, se você não fosse virgem, era candidata a ser solteira para o resto da vida. Pensei, se eu não quero casar, qual é o problema? E mudei uma porção de coisas que me tolhiam, como a crença de que a mulher não podia chamar atenção. Passei a usar vermelho, era tudo vermelho.”
Elas lutaram e venceram, passaram a ter autonomia sobre seu corpo e suas vontades. Direitos políticos, métodos contraceptivos, ingresso nas universidades e no mercado de trabalho alteraram o papel da mulher na sociedade. Hoje, as mulheres fazem sua própria história.
É verdade que ainda há muito a conquistar: os salários continuam mais baixos em relação aos homens e existem mais desvantagens na carreira profissional e, tristemente, a violência contra a mulher permanece. Mas elas são fortes e numerosas: representam mais da metade da população brasileira, ocupam cada vez mais espaço no mercado de trabalho e são responsáveis por 24,9% dos domicílios brasileiros. E uma dessas mulheres é a representante mais importante do Brasil: a presidenta Dilma.
Elas são Clarices, Dilmas, Marias, Patrícias. Esposas, mães, filhas, irmãs, amigas. Estudantes, engenheiras, taxistas, executivas, jornalistas. Elas são muitas e todos os dias escrevem a história com muita graça e sensibilidade.
Mulheres, parabéns!

Postagens mais visitadas