Autoestima em alta! Como as plus size desafiam os padrões e fazem a moda render-se à beleza em qualquer tamanho
Fofa, fofinha. Cheinha. Osso largo sabe? Quem convive com alguns (ou muitos) quilos a mais já deve ter ouvido pelo menos um desses eufemismos. Embora 52,5% da população brasileira esteja acima do peso, como mostrou pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada no ano passado, muitas pessoas ainda não conseguem balbuciar a palavra que define esse grupo sem esbarrar em certo pudor. Sim, são gordos. Gordos e gordas. Não precisa usar o termo no diminutivo. E não há mal nenhum nisso.
Talvez toda essa dificuldade em pronunciar uma simples palavra que, no fim, nada mais é do que uma característica – como baixa, alta, magra, grisalha, loira – venha do problema que é enxergar o termo “gorda” sem ser uma ofensa. Isso porque, desde pequenas, somos bombardeadas com a ideia de que ser magra é ser normal. A Barbie é alta e tem a cintura fininha, a mocinha da novela passeia de biquíni de lacinho na praia sem mostrar uma dobrinha sequer na barriga, até nossa mãe provavelmente já disse que não poderia repetir o prato daquela macarronada deliciosa que ela mesma fez no domingo porque não queria ficar gorda para o verão. É assim, com essas pequenas situações do dia a dia, que vamos criando a ideia de que ser magra – e somente ser magra – vai nos tornar bonitas. Ignoramos o fato de que nosso biótipo não é o mesmo da Gisele Bündchen e passamos a negar aquela sobremesa depois do almoço. Depois, deixamos de jantar, porque “carboidrato após as 18h engorda”. Não demora para que uma amiga descubra uma dieta daquelas que nos faz perder muitos quilos em um mês, mas que precisa de um “remedinho” para surtir efeito – e ignoramos os efeitos colaterais da bula. Esquecemos que nenhum metabolismo é igual, e que nem sempre o padrão é justo com todas.
Aliás, quase nunca é. O 36 que representa o corpo ideal na etiqueta da calça da Gisele pode ser o seu 40, e também pode ser o 44 da sua melhor amiga. No caso da modelo plus size Flúvia Lacerda, pode ser um 46, um 48 ou até mais – no fim das contas, não faz diferença quando ela se olha no espelho. Considerada a principal modelo brasileira no segmento – e uma das mais requisitadas do mundo -, Flúvia sempre soube muito bem enxergar que nunca seria a magrinha da turma. E que, vale repetir, não há nada de mal nisso. Tanto é que correr para se pesar sempre que passa por uma balança definitivamente não faz parte da vida dela.

— É apenas um número, como o da etiqueta do meu jeans ou sutiã. Se meus exames anuais revelam que está tudo beleza, então está tudo exatamente assim, beleza! — resume.
Radicada nos Estados Unidos desde os 16 anos, foi quando circulava de ônibus por Nova York que a então babá viu sua sorte mudar. Distraída com a música que tocava nos seus fones de ouvido, percebeu estar sendo encarada por uma mulher, que não demorou a se aproximar com um cartão. “Acho que você leva jeito para modelo, que tal fazer um teste?”, foi a proposta que ouviu.
— Achei que era piada! O pouco que sabia quanto a ser modelo era que você precisava ser supermagra, e eu estava muito distante disso — lembra, em entrevista à revista Donna.
Se hoje ainda passa longe de ser comum ver modelos GG estampando capas de publicações, há 15 anos, quando a carioca ingressou nesse meio, a realidade era ainda mais complicada para uma manequim plus size. De lá para cá, Flúvia coleciona aparições em catálogos e campanhas de lojas, como a recente linha plus size da fast fashion nacional Marisa...




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